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Museu do Ceará

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O estilo neoclássico das colunas, janelas e frontões triangulares expressam, no Palacete Senador Alencar, um dos belos exemplares da arquitetura produzida no Ceará. Um elegante pórtico em Lioz portuguesa, cuja fachada principal conta com 10 janelas no andar térreo e 13 no superior. No interior, grandes salões ocupam o edifício em toda a sua extensão. mas existem…

“O museu está situado numa edificação histórica, um prédio com mais de um século, o que demanda cuidado permanente”, explica Carla Vieira, diretora do Museu. Ela aponta que uma série de ações têm sido realizadas de modo a garantir a salvaguarda do prédio, mas destaca que o prédio ainda enfrenta problemas estruturais em toda a sua extensão. “Os mais evidentes deles são as infiltrações, as instalações de escapamento das águas da chuva e também os problemas de climatização, que vêm apresentando problemas nos últimos anos”, completa.

 

Em setembro de 2018, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) fez alerta para o alto risco de perda por incêndios ou desmoronamentos em museus do Ceará. Em resposta a isso, um projeto de reformas para o Museu do Ceará foi apresentado pelo titular da Secretaria de Cultura do Estado, Fabiano Piúba. A obra, que deve custar 5 milhões de reais, já tem recursos previstos na Lei Orçamentária Anual (LOA) da Secult para o próximo ano.

 

Para Romeu Duarte, no entanto no Ceará o patrimônio edificado não recebe a atenção devida. Professor do departamento de Arquitetura da UFC, ele destaca que a Capital não carrega, por exemplo, uma tradição de preservação histórica no cenário urbano. “A principal questão relacionada a manutenção desse patrimônio é o uso, porque o uso socialmente interessante garante a manutenção desses espaços. Nesse sentido, a constância da utilização dos edifícios pelas pessoas é fundamental para que haja esse cuidado”.   

 

A última reforma no Museu ocorreu em abril de 1998, e consumiu R$ 700 mil. A obra dotou o prédio de climatização, iluminação especial e novo acervo. À época, os recursos foram bancados pelo governo do Ceará e Ministério da Cultura.

 

Falar que a primeira sala do museu está sem climatização, o que torna desconfortável. Falar que há infiltrações visíveis nas paredes na sala “O poder das armas ou as armas no poder”.

Infraestrutura e Políticas

Públicas

Por uma porta de pouco mais de três metros de altura, adentra-se o Museu do Ceará. Em estilo dórico-romano, quatro grandes colunas dão ao visitante o primeiro sinal da imponência do edifício - um casarão em estilo neoclássico de 1871, tombado pelo Iphan, que guarda cerca de 15 mil peças que contam parte da história cearense. O espaço está instalado no prédio da antiga Assembléia Provincial, ao lado da Praça General Tibúrcio, tão conhecida “Praça dos Leões”. O edifício foi construído entre os anos de 1856 e 1871 e hoje abriga o mais importante acervo do Ceará.

O desafio da acessibilidade aos museus

O cotidiano dos museus frequentemente nega a hipótese de que os bens culturais musealizados pertencem a todos e para todos estão disponíveis. A questão da acessibilidade, por exemplo, está presente nos documentos fundadores da atual Política de Museus, política pública e coordenada pelo Instituto Brasileiro de Museus (Ibram). No Museu do Ceará, no entanto, a garantia desse direito desafia a gestão do equipamento cultural.

 

“Dentre nossos projetos futuros, há uma questão importante que é a modernização das instalações para recepção de pessoas com necessidades especiais. Infelizmente não temos ainda um banheiro adaptado para deficientes físicos, embora já tenhamos conseguido a instalação de um elevador na edificação”, conta. Apesar de também contar com uma rampa de acesso, ela não obedece aos padrões atualmente exigidos. De acordo com a gestora, essas necessidades estão incluídas no projeto de restauro integral do Palacete do Senador Alencar.

 

Para a museóloga Graciele Siqueira, assumir o compromisso com a democratização da cultura significa também pensar em uma multidisciplinaridade na qual a questão da acessibilidade deve estar necessariamente inserida. “Não existem, por exemplo, obras táteis para que um deficiente visual possa sentir, tocar e saber o que está visitando. Quase sempre ele depende que alguém o tempo inteiro narre pra ele o que está sendo apresentado nesse museu”, considera. Para ela, a acessibilidade tem que ser universal.

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Acervo

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Segurança

 

Enquanto as imponentes chamas avançaram sobre janelas do Museu Nacional, no Rio de Janeiro, milhares de brasileiros assistem incrédulos, diante da televisão, fragmentos da história tornarem-se um pouco mais invisíveis a cada minuto. O incêndio que destruiu 90% acervo da instituição, em uma noite de domingo, segue o mesmo destino trágico ocorrido no Museu da Língua Portuguesa (2015), Instituto Butantan (2010), Memorial da América Latina (2013) e Cinemateca (2016), todos em São Paulo.

Por que, afinal, museus e acervos científicos estão queimando no Brasil?

 

A causa de boa parte deles não selimita apenas à não observância das normas estabelecidas pelo Corpo de Bombeiros e à falta de fiscalização destinada a evitar tal falha. É igualmente precária a ausência de cuidados salutares que essas instituições, de sua parte, devem tomar para proteger seus acervos e seus visitantes.

 

Deficiência orçamentária, infraestrutura mal cuidada e equipes de trabalho pouco especializadas ou com número abaixo do ideal são algumas das explicações usadas para os diferentes acidentes que continuam a ocorrer, ainda que silenciosamente. Para Juliana Diniz, professora do Curso de Direito da UFC, A proteção do patrimônio não é prioritária em termos orçamentários. “Se investe muito pouco nesse tipo de política pública. Isso faz com que as instituições, os órgãos, os museus fiquem muito desguarnecidos de recursos para que eles possam promover medidas de prevenção de desastres”, considera.

O Museu Nacional já apresentava um orçamento anual muito insuficiente para sua manutenção, e que por isso não teve condições de manter em dias os protocolos de segurança voltados para essa prevenção. Para Juliana, o maior problema hoje é a prioridade de gasto público. Temos orçamentos deficitários que tornam quase que impossível as instituições manterem a preservação em dia desse patrimônio”, finaliza.

 

Não é só fogo que destrói ou danifica os acervos. E nada obriga também os responsáveis pelos museus a se contentarem com as medidas exigidas pelo poder público se elas lhes parecerem insuficientes.

 

O quê que acontece na prática, muitas vezes, é diferente. “Se fosse necessário uma intervenção do Corpo de Bombeiros no Museu do Ceará, por exemplo, não saberíamos exatamente quais as peças mais importantes. Se eu tiver que retirar alguma coisa, eu vou tirar qual?”, questiona o Coronel Holanda.

 

Ele explica que o plano de emergência deve ser pensado não apenas para a ação em incêndios, mas também de evacuação do acervo que ainda não teria sido atingido pelo fogo. Pra isso, a gente precisa que os museus, os curadores, os responsáveis pelo museu, conversem com o Governo para esclarecer essas questões”, pontua. Se a gente não tiver essa informação previamente, eu posso estar jogando água num quadro que ali a tinta vai se dissolver porque ela é solúvel em água, por exemplo”.

 

Uma vez que a maioria dos 51 Museus do Estado estão localizados em prédios tombados, a implementação de medidas de prevenção ao incendio exige cuidados especializados para a salvaguarda da edificação. O corpo de bombeiros tem, inclusive, uma norma específica que cuida de prédios tombados, cujas normas se diferenciam das de prédio comum, a um prédio tombado.

“O ideal é que esses equipamentos tenham um projeto aprovado aqui de engenharia, tenham o certificado de conformidade, ou seja, tenham executado o que foi planejado e estejam com a manutenção em dia. Extintores de incêndio, sinalização de emergência, saída de emergência. Alarme de incêndio, proteção contra raios, instalação eletrica em dia, para que não ocorra sobre carga ou curto circuito.”

 

“O Centro da cidade é um dos locais críticos, até pela idade dos prédios, mas o que a gente precisa ter em mente é o seguinte: nós precisamos que aquele responsável pelas edificações que cada um tenha o seu sistema preventivo, quanto mais preocupante do que eu saber se meus vizinhos tão tudo ok, é eu saber se o meu, se a minha edificação tem um sistema preventivo. A forma principal da gente resguardar e edificações no Centro a gente tem esse cuidado. Primeiro pela idade das edificações, mas é um dos lugares que a gente mais faz vistorias no centro da cidade. Pelo fato de ser edificações mais antigas, o sistema de segurança também são mais precários.”

 

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bode

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